
Fraude: Bancários e servidor do INSS criam CPFs e ganham R$ 8 milhões em benefícios
Na manhã de quarta-feira, 11 de setembro, a Polícia Federal (PF) desencadeou a Operação Estelião II, uma ação de grande envergadura destinada a desmantelar uma sofisticada rede de fraude em benefícios previdenciários. A operação focou em diversos municípios do estado do Rio de Janeiro e revelou um esquema criminoso que causou um prejuízo significativo aos cofres públicos.
A Operação Estelião II é a continuação de uma investigação iniciada em dezembro de 2023, que até agora revelou uma trama complexa envolvendo a criação e utilização de documentos falsos para obtenção de benefícios previdenciários.
A PF emitiu dois mandados de prisão preventiva, 12 mandados de busca e apreensão e três medidas cautelares diversas da prisão. Entre essas medidas estão dois afastamentos da função pública, sinalizando a gravidade das acusações contra os envolvidos.
A Escala e Impacto da Fraude
O esquema criminoso, que começou em 2010, gerou um prejuízo de aproximadamente R$ 8,7 milhões ao INSS. A fraude envolveu a criação de 27 benefícios previdenciários fictícios, que foram pagos e recebidos pelos acusados durante mais de uma década.
Os recursos obtidos de forma ilícita foram utilizados de várias maneiras, e as investigações revelaram que os ganhos foram lavados e disfarçados para evitar o rastreamento pelas autoridades.

Estrutura do Esquema Criminoso
Envolvimento dos Criminosos
O esquema criminoso envolveu uma série de atores, incluindo gerentes bancários, um servidor do INSS e um despachante. Esses indivíduos utilizavam suas posições e conhecimentos para facilitar a criação de CPFs e documentos falsos, essencial para a obtenção dos benefícios fraudulentos.
Além disso, outros membros da rede auxiliaram na concretização e manutenção das fraudes, contribuindo para a extensão e profundidade do esquema.
Documentos e Materiais Apreendidos
Durante a operação, foram apreendidos diversos materiais que comprovam a fraude. Entre eles, destacam-se 27 cartões bancários em nome de terceiros, 70 documentos de identidade falsos e um manuscrito com dados detalhados de 21 benefícios previdenciários. Também foram encontrados registros de contas bancárias e senhas utilizadas para movimentar os recursos desviados.
Além desses itens, a PF apreendeu uma carteira da OAB-RJ obtida de forma ilegal pelos investigados, que utilizaram documentos falsos para se passar por uma advogada e obter a carteira e o token correspondente.
Medidas Judiciais e Consequências
Prisões e Bloqueios de Bens
Os mandados cumpridos na operação resultaram em duas prisões preventivas e diversas buscas e apreensões em municípios como Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Armação dos Búzios, Belford Roxo, Duque de Caxias e Rio de Janeiro.
Além das prisões, a justiça determinou o bloqueio dos bens dos investigados no valor correspondente ao dano causado, que inclui o sequestro de 11 imóveis.
Acusações e Penalidades
Os acusados responderão por uma série de crimes graves, incluindo associação criminosa, estelionato previdenciário, falsidade de documento público e lavagem de dinheiro. As penas para esses crimes podem somar mais de 26 anos de prisão, dependendo das acusações adicionais que possam surgir durante o prosseguimento das investigações.
O Nome da Operação: Estelião
O nome da Operação Estelião II faz referência ao lagarto estelião, conhecido por sua capacidade de mudar de cor para se camuflar e enganar predadores. O termo "estelionato" é derivado desse animal, simbolizando a fraude e a enganação associadas aos crimes investigados.
Impacto no Sistema Previdenciário
Consequências para o INSS
A fraude descoberta representa um golpe significativo para o INSS e o sistema previdenciário brasileiro. Os benefícios fraudulentos não apenas desviaram recursos públicos, mas também comprometeram a integridade e a confiança no sistema de seguridade social.
A descoberta e a punição dos responsáveis são cruciais para restaurar a confiança pública e garantir a justiça para os contribuintes honestos.
Medidas de Prevenção Futuras
A operação ressalta a necessidade urgente de reforçar os mecanismos de controle e monitoramento no sistema previdenciário. O INSS e outras instituições relevantes devem implementar medidas mais rigorosas para evitar fraudes semelhantes no futuro.
Isso inclui a melhoria dos processos de verificação de identidade e a adoção de tecnologias avançadas para detectar e prevenir atividades fraudulentas.

Considerações Finais
A Operação Estelião II é um exemplo contundente dos esforços das autoridades brasileiras para combater fraudes previdenciárias e proteger os recursos públicos. A ação desencadeada pela Polícia Federal revelou um esquema complexo que, ao longo de mais de uma década, causou um prejuízo de R$ 8,7 milhões.
As medidas judiciais e os bloqueios de bens são passos importantes para responsabilizar os envolvidos e mitigar os impactos da fraude. O caso também serve como um alerta para a necessidade de um sistema de controle mais robusto e eficaz no INSS e em outras áreas da administração pública.
A integridade do sistema previdenciário é fundamental para garantir que os recursos destinados aos beneficiários sejam utilizados de forma justa e adequada. A luta contra a fraude deve continuar com vigilância constante e a implementação de melhorias contínuas nos processos administrativos e de controle.
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